quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Eu, o aborto e a Igreja

Quem passe por este blogue, mesmo transversalmente, descobre rapidamente que sou católico, pese embora achar que ninguém é mais pecador do que eu.

Acrescento que sou contra a liberalização do aborto, antes de mais, mas não só, por convicção religiosa. Há quem lhe chame Fé. E esta Fé, revelada por Deus em Jesus Cristo, é para mim vivida no seio da Igreja, que no seu magistério conferido pelo mesmo Jesus Cristo já apontou qual deve ser a orientação do voto no referendo de 11 de Fevereiro: "Não".

Ora, a Igreja não é uma democracia, mas é plural. Não faz acepção de pessoas, tanto que o "requisito" de pertença cumpre-se, na maioria dos casos, pouco depois de se nascer, ao ser-se baptizado. Todos os baptizados são Igreja.

Ao mesmo tempo, é um espaço livre. Ninguém é obrigado a entrar, primeiro, e a permanecer, depois. É da nossa inteira liberdade se queremos viver em comunhão com a Igreja, com esta Igreja.

Viver em comunhão obriga a respeitar o múnus próprio dos Bispos, em conjunto com os seus Presbíteros e Diáconos, porque na senda dos Apóstolos foi-lhes conferida a "tarefa" de apascentar o Povo de Deus.

Mas só tem de respeitar quem, em liberdade, quer estar em comunhão. Mais ninguém. Mesmo que alguns membros da hierarquia utilizem alguma linguagem excessiva, por vezes soando a autoritária, estão a cumprir com o que se comprometeram a fazer, na sua ordenação. É esta centralidade que interessa.

Ao contrário, por exemplo, de quem "casou pela Igreja" (porque é bonito, social, tem mais classe) e agora defende posição antagónica. Não cumpre com o que se comprometeu, à frente de testemunhas, no ritual do matrimónio. É livre de assumir essa posição, mas não se poderá dizer em coerência que seja uma pessoa de palavra...

Portanto, quem, na vã esperança de calar verdades incontornáveis, se vai dedicando a ataques espúrios, por vezes anedóticos (vidé exemplo 1, exemplo 2, exemplo 3) a uma Igreja livre e plural, deveria preocupar-se antes em olhar para o seu umbigo e ver se pode dizer o mesmo do sítio onde milita. É que esta Verdade que é Cristo Ressuscitado, que venceu a morte, sempre nos impelirá a afirmar o crime do aborto.

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