sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Recortes de opinião

No Diário de Notícias, Maria José Nogueira Pinto:

"A questão do aborto não é preta nem branca. Mal é colocada sobre a mesa cria como que uma galáxia cinzenta. É o que a torna geralmente perigosa e também, por isso mesmo, útil para alguns. É que no cinzento se puxam mais facilmente os fios da emoção. No cinzento se tocam, mais arbitrariamente, os acordes da compaixão. Num tempo de informar - para isso serve a campanha do referendo - o que nos devia mover era a trajectória para a claridade, se não a das convicções, pelo menos a dos factos.

O que mudou entre o referendo de 1998 e este? Aumentaram os abortos clandestinos? Não consta. Foram julgadas e presas muitas mulheres? Não consta. Algum organismo credenciado considerou o aborto clandestino, pela sua dimensão, um caso de saúde pública? Não consta.[...]"

É o que não me canso de dizer. Havia necessidade deste referendo? Mas, já que assim foi decidido, porque continuam a distorcer os factos alguns - infelizmente muitos! - apoiantes do "Sim", com argumentos de prisões, direitos da mulher, liberdade de escolha, saúde pública, já escorropichados e sem qualquer fundamento?

Vejamos agora esta outra opinião de João Marques dos Santos no Correio da Manhã:

"[...]O PS e os partidos de esquerda já deixaram cair a máscara. Confessam que a derrota do ‘sim’ será a derrota dos seus próprios partidos. Não precisavam, meus caros senhores. Todos sabemos que o vosso objectivo nunca foi praticar a caridade social. Foi politizar, indignamente, o que pertence a um foro com uma dignidade que a política perdeu há muito tempo.[...]"

Respondido?

Amici, ad qui venisti? - apetece perguntar. Irei votar no dia 11 por imperativo moral. Mas independentemente do resultado, enquanto pulular por aí essa corja que nada mais pretende do que obter vitórias eleitorais, valendo-se de tudo, parece-me que não volto a pôr os pés em futuras eleições. Merecemos - todos - melhor do que isto!

Sem comentários: