quarta-feira, 23 de maio de 2007

É fartar, vilanagem! (sobre a "discriminação positiva" do inquilino da João Crisóstomo)

O inquilino da João Crisóstomo quer, a todo o custo, eliminar de vez a tendência de alguns portugueses - aqueles que vão resistindo estoicamente às políticas anti-natalistas deste governo - terem filhos!

Fecha maternidades, faz a apologia do aborto a pedido e, insaciável, avisa a navegação sobre a isenção que hoje vigora de taxas moderadoras no SNS para todas as crianças menores de 12 anos:



“Devemos questionar se todas as crianças devem estar isentas de taxas, sejam crianças ricas, sejam as crianças pobres”



Que dizer? Cada vez é mais difícil criar filhos neste país (estou à vontade para o dizer, porque tenho três e sei bem o que peno!), e vamos imputar mais custos às famílias, quando o bom senso aconselha, face aos índices de natalidade que hoje temos, uma política completamente contrária?

E esta das "crianças ricas" vs "crianças pobres" no SNS é de pasmo.

A justiça social faz-se, neste país, à custa dos impostos. Sendo as nossa taxas de IRS progressivas (quanto mais altos os rendimentos mais altas são as taxas), não faz sentido nos serviços públicos primários - saúde, educação, justiça - haver "discriminação positiva", pela simples razão de que já a houve anteriormente aquando da liquidação do imposto.

Veja-se:

O agregado A, dois titulares e quatro dependentes, auferiu em 2006 um rendimento global de 105.982,42 €. A colecta líquida de IRS é de 25.253,05 €, ou seja, o rendimento disponível após impostos é de 80.729,37 €, i.e. 13.454,90 € per capita.

O agregado B, dois titulares e 1 dependente, auferiu em 2006 um rendimento global de 25.354,51 €. A colecta líquida, neste caso, é de 1.203,88 €, ficando-se o rendimento disponível após impostos nos 24.150,63 €, ou seja 8.050,21 € per capita.

O rendimento disponível per capita do agregado B é 59,83% do A. Bem, talvez uma razão para a "discriminação positiva".

Mas o imposto pago pelo agregado B é 4,77% do A! A que título se justifica onerar ainda mais o agregado A, quando a sua contribuição para as despesas do estado em termos relativos é vinte vezes superior à do B, quando não chega a ter o dobro do rendimento disponível per capita?

Mais vale deixar de trabalhar, e parasitar o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social!

Talvez se percebesse esta “discriminação positiva” num sistema de flat tax, mas mesmo assim tenho dúvidas. A este propósito talvez valha a pena ler o artigo de opinião de Tiago Mendes no Diário Económico.

Em suma, e para finalizar, resta-me solicitar ao PM, ao inquilino da João Crisóstomo e restantes membros do Governo que nos governem com o que têm. Eliminem metade dos assessores, cobrem portagens nas SCUTS, sei lá… Mas deixem as famílias com filhos em paz!

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