terça-feira, 13 de novembro de 2007

Ostentação, despesismo, enfim triste sina de quem é governado por malta desta!

Tenho feito chegar à caixa de comentários de muitos blogues uma opinião, escorada pela análise de alguns entendidos nestas matérias, que é contra-producente para a economia o corte cego nos rendimentos dos pensionistas e dos funcionários públicos, seja por via dos aumentos dos salários e pensões não acompanharem a inflação, seja por via da fiscalidade ter vindo a aumentar nestas classes (e noutras também, mas para o caso não interessa).

É que esta gente representa, devido ao seu número, um peso elevado na nossa estrutura de consumo. Com os orçamentos aprovados nos últimos anos (e aqui o PS e o PSD/CDS estão no mesmo barco) o que se tem obtido é que o rendimento disponível tem vindo a diminuir em termos reais. Um pensionista da classe média hoje ganha talvez menos 10 ou 15% do que ganhava há quatro ou cinco anos atrás. E se ganha menos, gasta menos, investe menos, poupa menos - e circula menos dinheiro na economia. Trava-se a inflação, mas impede-se o crescimento. E sem crescimento não há dinheiro para políticas sociais que para aí apregoam.

É preciso travar o deficit? É sim senhor. Todos nós temos a clara consciência que ninguém pode gastar mais do que ganha. Os custos com pessoal têm de ser controlados. Mas a estabilização orçamental tem de ser feita também pelo corte das despesas supérfluas, de modo decidido e transversal, e o critério pode ser o do bom-senso.

Esse bom-senso está completamente posto de parte, arredado da mente da classe política e governativa, quando deparamos com uma notícia destas:

Em época de contenção orçamental, e com a administração pública sujeita a restrições na aquisição de viaturas novas, por indicação do Decreto de Execução Orçamental para 2007, o ministro da Justiça acaba de comprar cinco automóveis topo de gama. O negócio, sem incluir o imposto automóvel (IA), de que as instituições públicas estão isentas, rondou um valor global de quase 176 mil euros (35 mil contos) e foi por ajuste directo, sem recurso a concurso público, e sem autorização do Ministério das Finanças. Poderá estar em causa a violação da lei.
Não sou demagógico ao ponto de dizer para irem de carro particular para o emprego, ou de transportes públicos como o comum do cidadão. Mas "Audi Limousine 2.0TDI", "Volkswagen Passat Limousine 2.0TDI" para quê? Em nome de quê?

Não servia um carro utilitário para andar a passear? Fora a publicidade, não servia por exemplo um Honda Civic Hybrid? Esse carro, com IA, custa 24.000 Eur, cinco destes 120 mil euros. Mesmo com o IA, poupava-se mais de 30%*!

Digam o que disserem, a verdade pura e crua é esta: estão-se marimbando para o país. No fim do campeonato, quem vier atrás que feche a porta!


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*E até podiam dizer ao Gualter para deixar de arrancar os milheirais dos outros, que o Governo de Portugal tem consciência ecológica! Que querem, o rapaz está sempre presente no meu pensamento quando penso no desenvolvimento sustentável...

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