segunda-feira, 7 de julho de 2008

Reacções

O que escrevi abaixo originou um post da Shyznogud, aka Maria João Pires, que - como não podia deixar de ser - colabora no dito 5 Dias. Já agora, quem é a FuckItAll? Não digam, não digam, está-se mesmo a ver...

Esta alma singela - eu - pensou se valeria a pena explicar (talvez com esquemas, graficamente a coisa talvez fosse melhor apreendida) o que escrevi. Mas como estudei Lazzaro Spallanzani há mais de 20 anos estou com um certo receio - ui, ui - que a Shyznogud me explique de facto os "the facts of life"...

De qualquer modo, vamos lá. Isto da família e da função procriadora é um facto. Ninguém escreveu nada sobre famílias alternativas, famílias homossexuais, famílias monoparentais, nem sobre a livre decisão de casais não terem filhos ou, infelizmente, serem inférteis. O que se deu a entender, e repete-se quantas vezes forem precisas, é que uma das funções da família constituída em casamento é a procriação. Renovação das gerações, estão a ver? Ninguém disse que outros meios não são possíveis, e ninguém neste blogue apreciou se são mais ou menos lícitos, morais ou imorais, mais ou menos éticos, embora tenha a minha opinião... Posso tê-la, certo?

Mas continuando. Com números. Na tabela abaixo, retirada do INE, verifica-se que a larga maioria dos nados-vivos em Portugal nasce dentro do casamento (embora esse número tenha vindo a diminuir).


Dada a longa história da instituição casamento, não é por demais evidente a função procriadora ao longo dos tempos da família assim constituída? Não ver isto é como acreditar na geração espontânea. Percebem agora o sentido, caras senhoras?

5 comentários:

Shyznogud disse...

Que curioso, parece-me que quem falou em "geração espontânea" a propósito de gente que não confunde casamento com procriação foi vossa exa.
Ah! e há-de dizer-me, se não lhe der muito trabalho, em que parte do código civil (porque é de um instituto legal que se fala) é que é afirmado que "as funções da família constituída em casamento é a procriação.". Um artigozito que seja, siiim? Agradecida.

André A. Correia disse...

Ah... o tom legalista... já cá faltava.

Quando citar, cite tudo. Não é "as funções". É "uma das funções". É o que é, que quer que lhe diga mais?

Também tenho de ir buscar o Pasteur?

Anónimo disse...

Não sei muito bem o que é que se está mesmo a ver, mas antes que me peçam BI e NIF: Inês Meneses, ao ser dispor.
Apraz-me notar que um terço de crianças nascem fora do casamento; e que afirma ser uma das funções - assumo que uma das possíveis funções - do casamento. Então, mantenho a dúvida: porque é que discordar de que o casamento só exista para a procriação é sinal de geração espontânea?

Shyznogud disse...

O tom legalista é inevitável qdo a discussão surge a propósito de uma alteração ou não do Código Civil e da discussão da inconstitucionalidade de uma das suas normas.

E faço minha a dúvida da Fuckit aqui acima enunciada.

MRC disse...

O artigo 1577º do Código Civil define casamento como uma união de pessoas de sexo diferente que pretendem constituir família em comunhão de vida.
Quer isto dizer 2 coisas:
- Que é entre pessoas de sexo diferente e tal assim é por razões antropológicas, biológicas e históricas (Senão não, não tinha sido consagrada assim desde há centenas de anos).
- Que não sendo um efeito, nem uma característica necessária, pressupõe a possibilidade de biologicamente permitir a procriação, algo que um casal de gays entre si não pode assegurar.
As pessoas que são contra o casamento entre gays até aceitam a consagração de outro tipo de uniões civis, não querem é que se lhes chame "casamento".
Não se compreende porque é que os pró-gays são tão fixados na palavra "casamento".
É que hoje em dia se se fixar um regime para a sua "união civil" até se corre o risco do mesmo ser mais forte e generoso do que o actual regime do casamento de tão depauperado que este ficou após mais um ataque da esquerda maçónica.